Com Raiva da Minha Filha

Essa semana eu e minha filha tivemos um pequeno desentendimento e logo em seguida ela decidiu não falar mais comigo, me ignorar. Nesse processo eu não consegui respeitar seu espaço e tentei forcar uma conversa. Isso piorou ainda mais e ela se tornou mais arisca e distante, ao ponto de parecermos duas estranhas dentro de casa.
Esse processo me abalou muito. Me senti desrespeitada, rejeitada. Estes sentimentos me levaram a nutrir uma sensacao nova pra mim com relação aos meus filhos. Raiva! Confesso que tive raiva da minha própria filha! A rejeiçãofez com que me sentisse injustiçada como mae.
A raiva começou a crescer dentro do meu coração, de forma que quando ela decidiu voltar a falar comigo meu coração se fechou. Agora quem não queria falar com ela era eu! Eu estava com muita ira por ter sido ignorada. Queria que ela sentisse exatamente o que eu tinha sentido, experimentando com sua rejeição.
La no fundo, eu confesso que queria vingança. Esse sentimento mesquinho que achava que não seria capaz de sentir como mãe, era tao real como qualquer outro sentimento que ja tinha sentido antes. Ele estava la presente  invadindo minha alma e envenenando meu corpo.
Como isso poderia ser possível? Como poderia sentir raiva de alguém que amava tao intensamente? A raiva dividia espaço com a culpa. Como uma mãe poderia ter esse tipo de sentimento? Não sei, mas eles estavam la presentes e pra que eu pudesse vence-los eu tinha primeiro que identifica-los, reconhecer o que eu estava sentindo. Fui para o banheiro e debaixo do chuveiro eu verbalizei: “Eu estou com raiva da minha filha, raiva por ter sido rejeitada, mau, interpretada, por não ter sido entendida. Ao mesmo tempo, eu estou me sentindo culpada.” A agua do chuveiro se misturava com minhas lagrimas e terminei meu banho me sentindo vazia.
O problema não tinha sido resolvido, mas eu sei que reconhecimento das minhas emoções, sejam elas quais forem, eh terapêutico e sempre vai fazer bem quando eh acompanhado da verdade. A verdade eh que não importava os sentimentos negativos que esteva sentindo com relação a minha filha, a verdade eh que eu a amava.
Naquele mesmo dia na parte da noite quando eu estava sentada na mesa da cozinha lendo, ela chegou e pediu para conversar comigo e então abriu seu coração sobre porque ela tinha agido da forma que agiu. Enquanto estava ouvindo-a, percebi que tinha duas escolhas, me colocar na defensiva e aproveitar o momento pra faze-la se sentir culpada por ter me rejeitado ou baixar minha guarda e ouvi-la com meu coração, tentando entender o que ela estava falando sem tentar me justificar.  Decidi que iria simplesmente ouvi-la e receber o que ela estava me oferecendo.
Ela falou por uma hora e meia. Fiquei imaginando como ela foi corajosa em expressar todos os seus sentimentos, medos, erros e temores pra mim que era a sua mãe. Eu nunca teria tido essa coragem na sua idade. Aquela menina de 15 anos de idade era incrivelmente corajosa! Toda minha raiva desapareceu e no lugar um sentimento de orgulho pela mulher que ela estava se tornando invadiu meu coração. Ela me pediu perdão e nesse momento eu consegui ver a situação do ponto de vista dela e pedi perdão por te-la machucado. E no final ela terminou a reunião dizendo: “Mãe, mesmo não concordando com o que vc fez, eu sei que vc fez por amor e mesmo com raiva de voce , eu me senti amada. Eu sei que vc reagiu do jeito que vc reagiu porque vc me ama. Obrigada!”